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PREPARANDO O ACAMPAMENTO CONTRA A CHUVA

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Uma chuva forte e inesperada durante a noite pode lhe render um trabalho hercúleo na manhã seguinte para secar suas coisas. Aprenda a se precaver contra situações como esta, uma tempestade que você avista no horizonte ou dias intermináveis

COM O CÉU DESABANDO SOBRE SUA BARRACA


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STAR PREPARADO É TUDO. Esta frase de Shakespeare é uma de minhas preferidas. Ela cabe para diversas situações da vida e, na natureza selvagem – eu diria –, é sempre o começo. Num ambiente hostil, a falta de cuidado pode levar um aventureiro inexperiente a passar por um perrengue da-que-les! Após uma noite chuvosa, sendo um acampamento em um sítio, talvez, ele acorde molhado por não ter tido o devido apreço com uma coisa básica, a sua barraca. E isto poderá render histórias até engraçadas no futuro – se a máquina fotográfica dele não acabou molhada –, mas as consequências de algumas horas encharcado no cimo de uma montanha podem ser bem mais graves.


Certamente, os mais apaixonados por trilhas e campings sabem disso e se lembrarão de algum “jângal” enfrentado por causa da chuva. Afinal, elas são frequentes na maioria do território brasileiro, um país tropical (principalmente entre setembro e abril), e porque, diversas vezes, chegam sem avisar, podendo, em menos de 5 minutos, inundar todo o acampamento. Por isso, pagar para ver os resultados de ignorar o fator “umidade” não é uma boa proposta.


Não que a chuva só traga transtorno. Ela traz adversidades e perigos, todavia, quando se está devidamente pronto para sua chegada, se torna até admirável. Por isso, a seguir, seguem alguns cuidados específicos sobre a barraca a serem tomados antes, durante e após a aventura: desde a compra na loja ou a escolha do modelo em casa, passando pela preparação do equipamento até o momento de erguê-lo e, por fim, desmontá-lo.



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1) A BARRACA APROPRIADA: COLUNA D’ÁGUA E ESTAÇÕES


O primeiro passo antes de decidir o tipo de barraca que irá transportar em sua mochila é verificar o terreno para o qual pretende ir: como é o clima lá; se há alguma previsão de chuva forte; se venta muito, etc. Ciente de tudo isso – e comprovando a possibilidade de queda d’água –, é preciso atentar para a capacidade de a sua barraca suportar chuva. Isso é medido por um fator chamado “coluna d’água”.



ESTUDE O LOCAL. PREVEJA TODAS AS SITUAÇÕES. PREPARE-SE.


Toda barraca possui um valor de coluna d’água para as partes que entrarão em contato direto com a umidade. Uma barraca é formada pelo piso unido ao quarto (ou habitáculo, como queira chamar) e o sobreteto separado (barracas mais simples, sem sobreteto ou que o mesmo não cubra todo o quarto, devem ser logo descartadas para acampamentos com possibilidade de chuva. Elas são muito frágeis, de modo que até o orvalho consegue deixar seu interior úmido). O sobreteto recebe a carga direta da chuva, pois cobre o conjunto; ele possui um valor de coluna d’água. O piso, que fica em contato com o solo úmido, também apresenta um selo. São os números de um e de outro aos quais se deve prestar atenção. Ambos devem suportar a possível quantidade de água que poderá cair no local do acampamento (ou locais, caso você esteja numa travessia ou algo tipo).


A pergunta que surge é como equiparar os valores de coluna d’agua à cada tipo de chuva. Para determinar isso, as empresas realizam um teste da seguinte forma: o tecido tratado da barraca é posto na extremidade de um tubo ao qual se adiciona água. Conforme a quantidade de líquido aumenta, a pressão sobre o tecido também cresce. Quando a água começa a pingar do tecido, significa que o mesmo alcançou seu limite de resistência. Essa quantidade de água (a coluna d’água) é marcada em milímetros, sendo cada milímetro equivalente a 1 litro de água de chuva em 1 m² (1.000 mm de coluna d’água, por exemplo, significa que pode chover 1.000 litros em 1 m² que não entrará água na barraca). Os parâmetros a seguir dão uma ideia sobre esses valores e as intensidades de chuva correspondentes. Uma barraca minimamente impermeável, isto é, suficiente para algumas situações de chuva forte, possui uma coluna d’água de 1.500 mm em seu sobreteto.


  • Acima de 3.000 mm – indicada para situações mais extremas.

  • Entre 2.000 e 3.000 mm – resistente a temporais e chuvas que durem vários dias.

  • Entre 1.000 e 2.000 mm – capaz de suportar chuvas normais ou mesmo fortes por um período não muito longo.

  • De 600 a 1.000 mm – suporta apenas chuvas fracas e rápidas.

  • Menos de 600 mm – não recomendada para utilização na chuva.

(O uso contínuo da barraca pode afetar sua impermeabilidade original, diminuindo os valores de coluna d’água de suas partes).


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Em relação às estações, as barracas são divididas em dois tipos: as de três estações, próprias para a primavera, verão e outono, e as de quatro estações, também apropriadas ao inverno. Entenda-se aí um inverno rigoroso, onde chegue a nevar e haja gelo. Para o Brasil, as barracas de 3 estações cumprem missão. Caso o destino seja a Patagônia, os Estados Unidos ou os Alpes Franceses, por exemplo, o outro tipo pode ser o mais recomendado.


Obs: Cabe, aqui, fazer uma menção que, em regiões de selva (como a Amazônia e o Pantanal) e demais áreas com abundância de árvores não tão expostas ao frio e ao vento, a escolha por outros tipos de acomodação pode vir a ser melhor do que as barracas convencionais. Isto deve-se, em parte, ao grande número de insetos no chão, à umidade do solo e à praticidade de outros bivaques. No caso de áreas assim, embora recebam quantidades de chuva até maiores do que as regiões montanhosas, redes cobertas por lonas impermeáveis e telas de mosquiteiro podem ser mais operacionais (mas isto é assunto para outro post).


Também é importante dizer que algumas empresas optam por um padrão diferente de avaliar a proteção de suas tendas contra a chuva. Elas realizam o chamado “teste do chuveiro”, no qual, dentro de um laboratório, a barraca é submetida a uma chuva artificial e precisa resistir a uma carga d’água medida em litros/hora/m². As tendas fabricadas pela marca francesa Quechua, por exemplo, precisam suportar 200 L/hora/m² durante quatro horas sem que nenhuma gota d’água penetre em seu interior. Isso equivale a duas vezes a quantidade média de água de uma tempestade comum na Europa e a empresa afirma possuírem todas as suas barracas uma coluna d’água de 2.000 mm.


EXAMINE OS VALORES DE COLUNA D’ÁGUA: DO SOBRETETO E DO PISO. ESCOLHA A BARRACA CERTA PARA SEU DESTINO: NÃO SUBESTIME O TERRENO NEM SE EXCEDA OPTANDO POR UM EQUIPAMENTO DE CAPACIDADE MUITO SUPERIOR (E MAIS PESO) ÀS CONDIÇÕES QUE ENFRENTARÁ.

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QUEM
ESCREVE

O autor, ALLAN KRONEMBERG,

é jornalista, ex-militar e o criador

da marca NA FRONTEIRA. Desde novo,

Allan é aficionado por histórias

de exploradores, filmes de cowboy

e livros sobre os mais variados

temas e aventuras (com destaque

para as obras de Hemingway,

Jack London, os poemas de Bukowski,

frases de Twain e os contos hiborianos

de Howard - inclua as páginas de

"O tempo e o vento", de Érico Veríssimo,

nessa lista mais as notas pujantes de uma

canção do The Cult). Tornando-se

ele mesmo, pelos anos, um aventureiro,

Kronemberg sempre buscou na

natureza selvagem - e numa garrafa

de whisky, ele diria - a inspiração

para a vida e suas próprias estórias.

Foi dele a ideia de tornar

a NA FRONTEIRA, além de uma

grife de roupas, uma revista sobre

os mais diversos assuntos pertinentes

à rotina e aos gostos dos clássicos

aventureiros; homens e mulheres

com o espírito da tempestade

em seu sangue.

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