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TÉCNICAS PRIMITIVAS DE FAZER FOGO

Dominar o fogo é uma das grandes habilidades aprendidas pelo Homem. Com ela, conseguimos forjar armas melhores, caçar animais maiores, nos proteger do frio e perseguir novos horizontes - além de comer refeições mais saborosas. Aprenda dez maneiras de como nossos ancestrais faziam fogo.


Ser capaz de fazer fogo sem os utensílios práticos da modernidade é uma qualidade para poucos, embora, no passado, fosse tão comum quanto, no mundo atual, é saber usar um celular. Sendo uma premissa para se viver na selva, quero dizer, em condições semelhantes aos nossos ancestrais, trata-se de uma perícia a ser dominada por mateiros, praticantes de bushcraft e exploradores que adentrem a fronteira.


Um ditado diz que um bom guia é capaz de produzir fogo na mata após três dias de chuva. Há diferentes meios de criar uma chama a partir de objetos rústicos como pedras, madeira, bambu e aço, mas as condições do lugar e dessas “ferramentas” precisam sempre ser observadas: a umidade presente no local, a disposição física do indivíduo e, principalmente, as características dos meios a serem utilizados. Todas influenciam na jornada. Os modos explicados aqui, por fricção, são dez. São as técnicas mais conhecidas por pessoas acostumadas à vivência em ambientes selvagens, apesar de, conforme a região, poderem existir outras mais usuais.


Basicamente, o fogo por fricção consiste na seguinte metodologia: fricção gera calor; calor forma brasa; brasa cria fogo! Em suma, se trata de fazer, através do atrito, o início da combustão. Falando dessa forma, o processo parece simples, mas, na realidade, quando se “arregaça as mangas” e a exigência está pela frente, é bem diferente. Fazer fogo – de quaisquer uma das formas a seguir – exige técnica, exige prática, perseverança, paciência e humildade.


As técnicas descritas a seguir são utilizadas há milênios com sucesso, havendo sido aprimoradas durante muito tempo de modo que não adianta o sujeito querer, após ler este texto e assistir vídeos na internet, inventar uma nova maneira aparentemente mais prática de produzir chama. Siga essa didática. A prática é essencial para a mais rápida obtenção do fogo. Ela torna o conhecimento acerca dos tipos de madeira, pedra e demais utensílios melhor, além de preparar mental e fisicamente o sujeito para diversas situações. A perseverança e paciência são fundamentais, uma vez que o fogo não surge por mágica. A insistência em se manter no processo, sem desanimar e agindo com plena confiança, é o que faz surgir a brasa. Por fim, é preciso ter humildade para, muitas vezes, reconhecer que algo não está correto no que vem sendo feito, de modo que precisamos voltar e fazer tudo novamente para lograr o sucesso.



DICAS IMPORTANTES:

Quatro coisas devem ser observadas antes de aprender sobre as técnicas de fazer fogo por fricção. Falarei de duas delas antes de esmiuçar cada método e sobre as outras depois.


A primeira: tenha sempre uma lâmina consigo! Para preparar os objetos a serem utilizados nesses processos será preciso cortar e talhar a madeira, de modo que, sem possuir uma faca, o trabalho se tornará muito mais dispendioso. Haverá necessidade de produzir sua própria ferramenta com alguma pedra ou madeira e isso vai consumir tempo e esforço. Por essa razão, ao menos que deseje testar também essa sua capacidade, saiba que qualquer faca é melhor do que nenhuma (mesmo que deseje provar o quão você é um “neandertal”, carregue na sua mochila uma lâmina para qualquer emergência).

Segundo: Caso almeje testar essas técnicas próximo a um local seguro, vá em frente (apenas cuidado para não se machucar nem incendiar algum objeto indesejado). Contudo, se pretende se embrenhar na mata e ficar isolado por alguns dias, fazendo fogo dessa forma, principalmente não tendo experiência, não se arrisque a sair de casa sem um meio de produzir chama facilmente. Isqueiros e fósforos são insubstituíveis e com chance zero (se bem armazenados) de falhar. Segurança em primeiro lugar sempre!



1 - FRICÇÃO POR RASPAGEM (MÉTODO 1)



PASSO 1: PRANCHA E BROCA


Consiga uma prancha de madeira seca e uma vareta reta (broca) de cerca de 40 cm de comprimento. A prancha e a vareta podem ser retiradas do tronco de alguma árvore. Modele a prancha a partir do pedaço de tronco de modo que seus lados fiquem planos: um para se apoiar melhor no solo, outro para que seja feita a fricção. Escolha uma madeira branca, leve e macia – veja se consegue arranhá-la com sua unha. Lixe a parte onde você irá deslizar a broca e faça uma guia, um buraco, um pouco mais comprida que seu dedo indicador.


A broca precisa ter uns 2,5 cm de diâmetro e ser reta. A ponta deve ter um ângulo de 45° e cortes nas laterais para ajustar-se à guia e proporcionar maior atrito (você irá talhar a ponta dessa forma com sua faca).


DE UM TRONCO SECO, VOCÊ PODE OBTER A PRANCHA E A BROCA.

DEPOIS, FAÇA O NINHO.


PASSO 2: O NINHO

Prepare um ninho: encontre folhagens secas e algum material que pegue fogo rapidamente como sisal, grama seca, barba-de-velho, palha ou juta. Junte tudo e monte uma estrutura semelhante a um ninho de pássaro. Enfie as extremidades para dentro, fazendo um emaranhado onde haja passagem de ar. Nele, você irá depositar a brasa para iniciar o fogo.


Também junte galhos secos e outros materiais inflamáveis para que, quando o ninho se queimar, você possa, sem perder tempo, lançar sobre ele os mesmos e fazer uma fogueira. Tenha tudo pronto e próximo a você.



PASSO 3: O ATRITO

Posicione-se o mais comodamente possível, tendo a prancha à sua frente bem fixa ao solo (se for preciso, bata algumas estacas nas suas extremidades para tal). Você pode se pôr de joelhos no chão, segurar a broca com ambas as mãos e iniciar o processo de fricção (escolha o melhor: empalme a broca no meio ou segure com uma das mãos sua extremidade e com a outra a parte central dela). Outra posição possível é se sentar com a prancha presa com uma ponta sob seus calcanhares e a outra apoiada em você (a prancha deve ser maior nesse caso). Também é possível fazer em pé, usando um tronco, como o vídeo demonstra. A natureza dispõe de várias possibilidades e cabe a você achar a melhor. Friccione a broca na guia, realizando um movimento para frente e para trás sem parar. Aplique força e velocidade até ver o buraco ficar mais fundo e começar a sair fumaça.


PASSO 4: BRASA

Ao perceber fumaça, intensifique a ação e, logo em seguida, pare para averiguar a brasa. Ela já deve ter se formado junto com a fuligem. Note que será uma brasa bem pequena, menor do que a guimba de um cigarro. Não se espante; assim é suficiente para o fogo. Assopre-a levemente para alimentá-la. Se preciso, repita o processo de fricção algumas vezes.

PASSO 5: ENFIM, CHAMA!

Deposite a brasa sobre o ninho e, com ambas as mãos, faça uma espécie de concha e assopre. Assopre devagar a brasa para que ela fique mais forte e se espalhe. Repita esse processo continuamente, com calma, e observe como a brasa irá crescer aos poucos. Em determinado momento, pare de assoprar e segure o ninho com uma das mãos. Mexa-o para a esquerda e para direita de modo a criar um fluxo de ar intenso passando por ele. O vento tornará a brasa mais viva. Volte a soprá-la e, em seguida, repita o movimento com o braço com maior agilidade. Você logo verá a brasa no ninho virar chama!


PASSO 6: A FOGUEIRA

Agora, é levar o ninho em chamas para uma superfície plana e, sobre ele, montar uma fogueira com os galhos e objetos já separados. Tenha o cuidado de alimentá-la continuamente para manter o fogo aceso.


DEPOSITE A BRASA SOBRE O NINHO, FAÇA UMA ESPÉCIE DE CONCHA COM O MESMO E ASSOPRE REPETIDAS VEZES. A BRASA FICARÁ MAIS FORTE. COM UMA DAS MÃOS, MEXA O NINHO PARA A ESQUERDA E PARA A DIREITA RAPIDAMENTE – CRIANDO UM FLUXO MAIOR DE AR – ATÉ QUE A CHAMA SURJA.



2 - FRICÇÃO POR RASPAGEM (MÉTODO 2)





PASSO 1: O MATERIAL


Disponha de um pedaço de madeira roliço com aproximadamente 10 cm de diâmetro. Faça uma racha a partir de uma das pontas nele e coloque um pedaço de pedra ou toco dentro e amarre bem (essa rachadura formará uma passagem de oxigênio e irá melhorar o atrito). Para esse processo, esta será a prancha. Consiga, então, uma madeira para servir de broca.


PASSO 2: O NINHO

Prepare um ninho igual ao do processo anterior e ponha-o à parte, perto de você. Pegue a folhagem que você utilizou no ninho e coloque um ramo dela na racha da prancha sob o exato local onde você fará o atrito.


PASSO 3: A FRICÇÃO


Posicione-se da melhor forma, fixe a madeira nas extremidades com os pés e comece a roçar a lasca com rapidez. Não pare! Deve começar a fazer fumaça e, com insistência, surgirá uma brasa que cairá sobre o ramo tirado do ninho. A partir daí, é só assoprar com leveza para ganhar força e depositá-la sobre o ninho, agindo, a seguir, igual à primeira técnica de raspagem.


ATENTE PARA A PASSAGEM DE AR NO TRONCO. A BRASA, NESTE PROCESSO,

CAIRÁ SOBRE O RAMO. AJA, A SEGUIR, COMO NO MÉTODO ANTERIOR.



3 - FRICÇÃO COM MÃOS E BROCA



PASSO 1: PRANCHA E BROCA

Consiga uma prancha com as mesmas características daquela utilizada no primeiro processo de fricção por raspagem. Com sua faca ou uma pedra pontuda, faça um furo nela próximo da lateral (nele, será feito o atrito com a broca) e, em seguida, talhe um “V” a partir desse orifício com a abertura na margem da prancha e a parte debaixo dele, que ficará em contato com o solo, um pouco maior (para que haja passagem de oxigênio). Construa uma broca de cerca de 40 cm, reta e um pouco mais fina do que a usada no método anterior (2 cm de diâmetro é ideal). Ela deve ser circular e ter a extremidade a ser posta em contato com a prancha do tamanho do orifício feito e ser aí quase plana para produzir maior atrito (assim, ela terá mais área para ser desgastada).




PASSO 2: O NINHO


O ninho também segue as especificações dos métodos anteriores. Da mesma forma, tenha o devido cuidado em preparar o material da fogueira.

PASSO 3: CRIANDO BRASA

Ponha uma folha seca sob a prancha debaixo do buraco talhado de modo às cinzas caírem sobre ela (ou pode-se colocar direto o ninho, mas isto diminuirá a firmeza do movimento). Comece a girar a broca no buraco, mexendo suas mãos continuamente como se estivesse roçando elas. Insista! Um pouco de água pode facilitar o movimento.

Quando começar a sair fumaça, não pare, descendo as mãos rapidamente pela vareta. Ceda um instante, tome fôlego, torne a subi-las e desça-as novamente. Continue até que perceba cinzas sobre a superfície debaixo do orifício e uma pequena brasa (bata a madeira para que ela caia toda). Nesse momento, conduza a mesma para o ninho, derramando-a com cuidado em seu centro.


PASSO 4: CHAMA!


Após depositar a brasa no ninho, com ambas as mãos, faça uma espécie de concha e assopre devagar para que a brasa fique mais forte e se espalhe. Repita o processo dos métodos anteriores a partir daqui.



4 - FRICÇÃO COM BROCA E ARCO



PASSO 1: PRANCHA E BROCA


Monte uma prancha e broca iguais à do método anterior com mãos e broca (esta última pode ter uma altura menor e uma espessura maior).


PASSO 2: O ARCO, A BROCA E O SOQUETE


Separe uma vara que seja resistente: ela será o arco. Talhe dois encaixes em cada uma das extremidades dela. Amarre neles uma corda feita preferencialmente com algum material que tenha levado ou, senão, outro arranjado no lugar (você pode usar seu cadarço). Deixe a corda levemente frouxa. Passe a broca pela corda, fazendo uma torção nela a fim de ser capaz de girá-la com o arco sobre o buraco na prancha sem a mesma escapar.


Faça uma pega ou soquete. Busque no mato um galho rijo de 20 cm e faça um furo em seu centro. O ideal é possuir um objeto circular para o soquete (o qual possa empalmar facilmente) com um orifício no meio para uma das extremidades da broca se encaixar e deslizar. Soquetes feitos com materiais polidos facilitam bastante o processo. Depositar alguma gordura no orifício da pega também ajuda o atrito – mesmo que seja a de detrás de suas orelhas ou cantos do nariz.


PASSO 3: MOVIMENTANDO O ARCO

Ponha um pé sobre a prancha e ajoelhe-se, colocando o joelho da outra perna no chão detrás do calcanhar que está pisando a prancha. Acomode-se. A seguir, ponha o pulso do braço do mesmo lado da perna a firmar a prancha bem firme na sua canela (utilize a curvatura natural do pulso com o polegar) e segure a pega com a broca encaixada na prancha. Com a outra mão, apanhe o arco e inicie um movimento rápido de ida e volta para fazer a broca girar o mais rapidamente possível. Esse método é mais utilizado porque o arco intensifica o movimento e gera maior atrito. Ele, provavelmente, foi descoberto posteriormente em épocas passadas, sendo um avanço para o homem primitivo.


PASSO 4: FAZENDO BRASA E FOGO!


O restante do processo é igual ao das mãos com a broca. Gira-se a broca com rapidez até produzir brasa, apanha-se a mesma da folha ou outro objeto que tenha posto sob a prancha e conduz-se a brasa até o ninho. Em seguida, cria-se fogo.




5 - FRICÇÃO COM BROCA E CORDA/ARCO (MÉTODO ESQUIMÓ)


Obtidas uma prancha, uma broca e um soquete semelhantes aos do método feito com o arco (embora o soquete você deva ser capaz de mordê-lo), consiga uma corda. Dê umas três voltas com ela pela broca, encaixe esta na prancha e, sentado, firme a prancha entre suas coxas - ou coloque-a no chão e se ajoelhe. Segure a pega com a boca (envolva-a com um pedaço de couro ou pano para facilitar a mordida) e, em seguida, faça movimentos rápidos para os lados puxando a corda com as mãos (fazer duas alças nas pontas da corda ou amarrá-las em dois pequenos tocos irá ajudar). Proceda, depois, conforme os demais processos.



Você pode também realizar este método utilizando o arco - o que o torna até menos desgastante. Você irá firmar o soquete com a boca e, a diferença é que, ao invés da corda, usará o arco para produzir a brasa. Esquimós fazem fogo de ambas as maneiras.



6 - FRICÇÃO COM BROCA E CORDA (MÉTODO AVANÇADO)


PASSO 1: PRANCHA, BROCA, CORDA E PEDRA (OU MADEIRA)

Além de todo material utilizado nos métodos anteriores, consiga uma pedra circular ou madeira mais pesada e deixa-a o mais circular possível utilizando uma pedra ou ferramenta própria. Faça um furo no centro dela que permita passar a broca, mas de modo que a mesma fique encaixada e fixa (a broca não deve rodar livremente). Esta pedra (ou madeira) servirá de contrapeso no processo.

A seguir, faça um entalhe na ponta da broca que não irá entrar em contato com a prancha e passe a corda por ali. Dê voltas com ela ao redor da broca. Arrume-a no orifício da prancha e sente-se comodamente em frente ao equipamento.


PASSO 2: FRICÇÃO


Puxe a corda com as mãos. A rotação da broca fará automaticamente ela se enrolar novamente, precisando apenas continuar com o movimento de puxá-la até que seja produzida a brasa. Montado desta forma, o esforço torna-se menor e se produz mais atrito.



7 - FRICÇÃO COM BROCA E CORDA (MÉTODO MAIS AVANÇADO)



Realize o processo igual ao do método anterior até a colocação da pedra (ou madeira) na broca. Antes de enrolar a corda, obtenha um galho reto com aproximadamente 40 cm de comprimento. Fure-o no meio, passe a broca nesse orifício e amarre a corda nas suas extremidades. Ponha a corda no encaixe do topo da broca, firme-a na prancha, enrole a corda na broca e, forçando o galho para baixo, faça ela girar rapidamente. Utilize as duas mãos para ter maior firmeza e velocidade. No mais, proceda conforme o padrão.



8 - FRICÇÃO A DOIS COM BROCA E CORDA


No caso de possuir alguém com você, um método prático e mais rápido de fazer fogo é um indivíduo segurar a broca com o soquete na prancha e o outro passar a corda por ela e puxá-la com bastante intensidade num movimento de vai-e-vem. O ideal, nesse caso, é que a pega seja um galho maior para que a pessoa que a segurar o faça com ambas as mãos e a mantenha assim mais fixa.



9 - FRICÇÃO COM BAMBU


O bambu é uma espécie de planta encontrada com relativa facilidade em diversas matas por habitar uma alta gama de zonas climáticas (tropicais e temperadas) e topográficas (do nível do mar até acima de 4.000 m). Ele pode ser empregado para diversos fins, entre eles, fazer fogo.

Corte um pedaço de bambu e divida-o no meio. Raspe sua casca para produzir uma mecha. Em seguida, faça um corte até furar o bambu e prenda a mecha bem abaixo desse furo. Firme o bambu de alguma forma e, utilizando a lateral da outra metade do galho, friccione o buraco. Deixe fazer bem a fumaça e cheque a mexa para conferir se há brasa depositada nela. Assopre-a e proceda, então, como nos demais métodos, levando a mesma para um ninho.


O inconveniente do bambu é que ele é bastante úmido, podendo ser utilizado para situações de sobrevivência em que haja escassez de água (essa planta forma água dentro dela entre os elos). Naturalmente, isso inviabiliza a produção de fogo caso o bambu seja recém cortado e apresente essas características. Seria necessário deixa-lo secar por um bom tempo.



10 - FRICÇÃO COM PEDRA, AÇO E TECIDO CARBONIZADO


Essa maneira de fazer fogo consiste em atritar um material de aço (como um striker, a lateral de seu facão, um mosquetão ou uma lima) numa pedra e produzir faíscas que cairão sobre um tecido carbonizado. O processo funciona da seguinte forma: possuindo um pedaço de tecido carbonizado, um equipamento de aço e uma pedra que faísque (sílex, quartzo, olho-de-tigre, dentre outras, geralmente, encontradas no leito de rios), posiciona-se o tecido junto à pedra e golpeia-se o aço contra ela para produzir faíscas. Elas cairão no tecido, criando uma pequena brasa. Leva-se o tecido em brasa até o ninho e se toma as mesmas medidas dos demais processos para criar chama.



Obs: O tecido carbonizado é um apetrecho que facilita em muito a combustão. Um pedaço de tecido assim nada mais é do que uma peça que teve sua queima interrompida, passando a ser constituído de carbono na maior parte de sua estrutura, um material extremamente inflamável; basta uma pequena fagulha para incendiá-lo. É possível produzir fogo da maneira descrita acima sem ele, inclusive, friccionando uma pedra na outra – não em aço (este foi, provavelmente, a primeira forma de o homem fazer fogo), mas o processo se torna muito mais difícil e desgastante.



Para criar uma peça de tecido carbonizado, separe uns retalhos de roupas feitas de algodão (jeans velho ou lona, por exemplo, por serem mais resistentes após a carbonização) ou algum material de sisal, palha, etc (cordas são uma boa opção). Consiga uma lata pequena e faça um leve furo na sua tampa. Coloque os retalhos dentro dela, feche-a e leve para uma fogueira – ou, se estiver em casa, o bocal de seu fogão. O tecido irá começar a queimar dentro da lata, produzindo fumaça e uma chama que deverão sair pelo orifício na tampa. Quando as mesmas cessarem, retire a lata do fogo com um alicate ou pinça improvisada, tampe o furo com um palito – ou apenas vire a lata de cabeça para baixo – para abafar a combustão (afinal, você não quer cinzas) e espere esfriar. Logo, você terá eficientes peças de tecido carbonizado para suas fogueiras.

(Este processo é semelhante ao realizado para a fabricação de carvão a partir da madeira).


FINALIZANDO AS DICAS:

A terceira dica das quatro que comentei ao começo da postagem é para você, após aprender e praticar as técnicas primitivas de fazer fogo, montar seu próprio kit! Pense num mateiro que vive isolado nas montanhas. Seria pouco sábio da parte dele ter que, toda vez que precisar fazer fogo, sair à mata à procura de material para o início da combustão. Possuir o mínimo necessário que pode ser reutilizado é naturalmente a opção de qualquer aventureiro. Por isso, ter consigo um soquete pronto e uma corda para o arco ou um algodão carbonizado e um pedaço de aço é algo básico.


A quarta dica é bem direta em relação a todos os processos explicados aqui com exceção do último, fricção com pedra e aço. Guarde uma coisa: seja qual for o método escolhido para fazer fogo, após ter organizado todo o aparato e estar pronto para iniciar o movimento de atrito, tenha em mente que, se em vinte segundos, você não conseguir produzir alguma fumaça – mínima que seja – é por que há algo errado! Pare e não despenda mais energia à toa. Examine cuidadosamente todas as partes do processo a fim de notar o que pode ser melhorado. Um erro comum das pessoas é achar que logo na primeira tentativa irão conseguir. Lembre-se da humildade sobre a qual falei. Respire, cheque tudo, pense e aja novamente.

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